Ser Escritor é cool - 3º Desafio
Texto - 1º ciclo
Como
gostaria que fosse a minha escola?
Eu gostaria que, no pátio da escola,
houvesse escorregas para brincar; seria muito mais fixe, porque agora o pátio
tem um vazio no meio dele e era aí que estava um escorrega, mas tiraram-no e eu
fiquei muito triste, porque eu adorava aquele escorrega.
Acho que é só isso, porque a minha
escola é muito fixe e incrível. Eu adoro a minha escola, não fazia nada para a
mudar a não ser isso que eu disse, por causa do escorrega no pátio, mas de
resto é tudo bom, na minha escola.
A minha escola é a melhor que eu já
conheci. Saio daqui muito bem ensinada e nunca me vou esquecer das lições que
aprendi, todas elas são muito importantes. Também nunca me vou esquecer das
amizades que fiz, que para mim são a melhor coisa.
Eu quero que a minha escola nunca mude,
porque ela é incrível e completa-se com os alunos, os professores e as
auxiliares.
Dizem que nada é perfeito, ou seja, a
escola também não é, mas eu não a mudaria por nada - só aquela parte do escorrega no pátio …, lá está, a escola não é perfeita!
Inês da Silva Costa – 4º ano - EBSNSM
Texto - Ensino Secundário
Diário de um agricultor
Perspetivas
10 anos depois…
14 de abril de 2012
Depois
de muito recusar e de tentar ir contra a vontade dos filhos, Libânio lá acabou
por aceitar ser colocado num lar. Ele e a sua mulher concordaram agora que João
tem que tomar conta da sua filha pequena e Carlos tem que vigiar e cuidar das
terras de seu pai.
Libânio,
arrastando os pés pesados escondidos por um par de chinelos quentes, dirige-se
à sala e senta-se ao lado de sua mulher. Inclina a sua cabeça para trás e fecha
os olhos por um minuto. Naquele minuto a vida de Libânio voltou, vê-se nas suas
terras a fazer aquilo que fez a sua vida toda, encontra-se no paraíso e sem
intenção deixa escapar um sorriso tímido.
É despertado
desse seu sonho quando uma mão pequenina e inocente lhe toca no pulso e lhe
sussurra “Avô…”. É Magda, filha com 6 anos de João e atualmente o bem mais
precioso para Libânio.
Desde que Libânio
e sua mulher entraram para o lar que todos os sábados Magda e seu pai o visitam.
Por já se encontrar muito cansado, as saídas de Libânio daquela instituição vão
sendo cada vez menos, então são as histórias que Magda conta as quais fazem
Libânio saber do mundo lá fora e de como ele se encontra.
- Sabes avô,
daqui a uma semana começo a escola! – diz sorridente a pequena criança. Libânio
olha para ela intrigado e, num gesto de delicadeza, transfere-a o ser inocente
para o colo confortável de sua mulher.
- Ela vai para a
escola? Devia é ir começar a trabalhar! – sussurra Libânio num tom severo para
João.
- Pai, ela tem
que estudar… Até quando vais continuar a dizer que não é preciso? – responde
calmamente João ao seu progenitor. João
e Libânio sempre possuíram uma visão diferente no que toca a educação.
Quando era
pequeno, Libânio crescera e desde que pequeno que fizera trabalhos campestres e
ajudava seus pais em seus terrenos. Nunca possuiu grande visão do sistema
educacional e sempre preferiu ter contacto direto no mundo do trabalho. Já João
recebeu também a mesma ideia, mas ao envelhecer decidiu dedicar-se aos estudos
e formar-se. Libânio nunca entendeu a decisão de seu filho e sempre achou que
fora falta de tempo.
Depois de brincar
divertidamente com a avó, Magda levanta-se energicamente e pergunta a seu pai
se pode ir beber um pouco de água. Agarrando delicadamente a filha, João
levanta-a e faz-lhe pequenas cócegas na barriga que fazem sua filha soltar um
riso sincero. De seguida, coloca-a de novo no chão e seguem ambos de mãos dadas
até à casa de banho.
Aproveitando a
ausência de seu filho e neta, a mulher de Libânio encara-o de forma calma e ao
mesmo tempo severa.
- Libânio, qual é
o problema da pobre criança de querer aprender? Eu sei que nunca foste à
escola, mas talvez seja por isso que também não saibas ler. Sempre fui eu quem
te leu as coisas, mas o futuro não é garantido e terás que saber orientar-te
sozinho, aliás também foi por isso que te ensinei a escrever, para possuíres um
pouco de conhecimento, mas só esse não basta. A formação de agora é muito mais
avançada que a do no nosso tempo e, embora tenha ido à escola, eu também não a
entendo bem, mas a Magda pode e até pode ensinar-nos.
Libânio suspira
profundamente e reflete sobre as palavras que acabou de ouvir. Sempre desejou
que seus filhos tivessem sucesso, tal como todo o desejo que qualquer pai compartilha
sobre o seu filho.
João regressa e
os quatro brincam durante mais um instante. Libânio decide então falar com seu
filho. Lentamente levanta-se e ambos se dirigem ao jardim do lar. Lá, Libânio,
ainda que um pouco contrariado, fala com seu filho sobre a educação da neta e
entende que talvez a escola seja o que dará àquela inocente criança um bom
futuro.
João emociona-se
e abraça o pai com grande amor. Sempre fora muito difícil contrariar a vontade
de Libânio, mas agradece pela ajuda de sua mãe. Sabe que, sempre que Libânio
discordava de algo, era sua mãe que sempre sabia o que dizer.
Regressam para dentro aonde sua mãe e sua filha se encontram a assistir um programa de televisão. Abraçam-se os quatro, Magda dá um beijinho na bochecha a cada um de seus avós e despedem-se.
21 de abril de 2012
João regressa com
a sua filha a casa, depois de saírem para irem brincar num jardim, quando
recebe uma ligação que o deixa num estado alarmante. É seu pai, não se encontra
muito bem. O seu coração acelera e João segue em direção ao lar.
Ao lá chegar
pergunta por seu pai e é encaminhado por uma enfermeira até ao quarto dele.
Assim que chega, encontra uma imagem triste que faz com que sinta o seu coração
a despedaçar-se em pedaços dentro de si. Seu pai encontra-se bastante doente,
com pouca capacidade verbal e já pouca mobilidade física deitado numa cama. Ao
lado dele, sua mulher rezando um terço e segurando a mão do marido com outra.
A enfermeira
avisa que o estado de saúde de Libânio não é dos melhores e que é muito
instável. Num pequeno gesto que envolve muito esforço, Libânio aponta para uma
caixa que se encontra num canto do quarto.
Ao reparar no
gesto do pai, João corre e ao olhar para dentro da caixa encontra um livro.
Decide começar a abri-lo até que ouve sua filha a dizer “Avô? Avô?”. Quando
olha já era tarde demais… Os olhos de Libânio já se tinham fechado e sua filha
cobria com as mãos a sua cara fina enquanto chorava vencida pelo medo.
João vai para
junto dela, abraça-a com toda a sua força e lamenta também o que acabou de
testemunhar. Algum tempo mais tarde, abre o caderno que descobriu no quarto de
seu pai.
É seu diário.
Diário que Libânio escondera dos filhos e que estava agora sobre as mãos de
João. João começa a lê-lo lentamente vai se lembrando do homem que sempre
orgulhava ter como pai.
Ao chegar à
última página escrita, João repara que é datada no último dia que Libânio
esteve em sua casa. Então, num ato de memorizar seu pai, João vira a página e
pega numa caneta. Começa a escrever. “21 de abril de 2012 – Pode ser estupidez,
podem lhe chamar loucura ou ter outro qualquer nome impossível de decifrar, mas
aqui, nestas páginas está quem tu eras. Ensinaste-me a ser quem hoje sou. A escola
pode dar-nos conhecimentos que necessitamos, mas nunca nos ensinará o amor que
tinhas por nós. Obrigado”
Depois fecha o
pequeno caderno cheio de lágrimas nos olhos e abraça-o. Jura para si mesmo
guardar e proteger aquele pertence, pois tal como seu pai, em toda sua vida
guardou e protegeu João.
Daniel Gonçalves